segunda-feira, 29 de março de 2010

Homem de Deus

Diz a Bíblia que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, mas dotou-o do livre arbítrio, isto é, da capacidade de decidir o seu próprio rumo. Por outras palavras, se der para o torto a culpa só pode ser da obra, que não agiu da maneira mais adequada, visto que o trabalho de Deus foi bem feito. Uma estratégia muito simples de sacudir a água do capote.

Apesar de todos os mil e um defeitos que têm, ou possam ter, há um que nenhum político tem: são fervorosos crentes em Deus. Repare-se que todos apregoam a bondade da sua obra, realçando-lhe os méritos. O grande problema são sempre os seus sucessores ou subalternos que não entendem de modo claro o alcance da sua obra visionária. É o que dá o livre arbítrio.

Oscar Wilde disse: ”I think that God in creating Man somewhat overestimated his ability” (Ao criar o Homem, Deus sobrestimou um pouco as suas capacidades). Poderia dizer-se que ao criar os políticos estava mesmo distraído (a ver as Marés Vivas?) ou sob o efeito de algum psicotrópico. Quem sabe?

sábado, 27 de março de 2010

Metro de Lisboa

Recebi via e-mail a “versão inglesa” do mapa da rede de metro de Lisboa. Está um mimo. Será que alguém conhece a versão inglesa da rede de metro do Porto? A “tradução” para inglês deve ser fantástica, carago!

Lisbon underground

quarta-feira, 24 de março de 2010

Grutas de São Vicente

Uma das atracções turísticas da Ilha da Madeira são as grutas de S. Vicente. São de origem vulcânica e situam-se no norte da ilha. Recentemente voltei lá e pude reapreciar o “trabalho” da Natureza feito a alguns milhares de anos atrás.
De acordo com os especialistas, as grutas mais não são que tubos por onde escoou a lava proveniente dos antigos vulcões que criaram esta massa de terra conhecida por Pérola do Atlântico.
Num percurso não muito extenso, podemos ver o resultado da passagem da lava e também da acumulação de alguns obstáculos que moldaram a forma das grutas.
O Centro de Vulcanismo também é um local interessante pois, através de algumas simulações, permite-nos conhecer a origem e formação do arquipélago da Madeira, bem como efectuar uma viagem virtual ao interior da Terra.

Rota da cal

No passado existiam no arquipélago da Madeira diversas explorações mineiras de pedra calcária para a transformar em cal. Recentemente fui visitar uma dessas antigas explorações em S. Vicente. Infelizmente chovia, não tendo sido possível visitar todos os aspectos da antiga exploração.

A pedra era extraída das pedreiras e transportada às costas para o local onde se situava o forno. Aí era partida em pequenos bocados com o tamanho de um punho. Outros homens dedicavam-se ao corte e transporte da lenha para alimentar o fogo do forno que cozia a pedra.

Forno de cal

A pedra e a lenha eram empilhadas em camadas alternadas, até uma altura aproximada de 5,5 m. Depois era só pegar fogo e esperar pelo dia seguinte até toda a lenha ter sido consumida e a pedra cozida. A cozedura da pedra calcária transformava-a em cal em pedra, por libertação do dióxido de carbono existente no calcário.

Após a cozedura, a pedra de cal era retirada do forno, seleccionada e embalada. Também se utilizava a água para desfazer em bocados mais pequenos as pedras de cal maiores. E, como habitualmente, toda a água necessária, e era muita, tinha de ser transportada às costas, em barris de madeira de 50 litros.

A cal tinha, e ainda tem, algumas aplicações. Antigamente as linhas dos campos de futebol eram marcadas com cal. O problema era quando chovia ou quando um jogador, com a perna ferida, entrava em contacto com ela … era doloroso. Também se utilizava a cal para pintar (caiar) as casas. A cal ainda é utilizada na pintura das estradas regionais, para assinalar os limites das estradas e os obstáculos mais perigosos. A cal também é utilizada para a correcção do pH dos solos. É adicionada aos solos demasiado ácidos. Em laboratório, as soluções aquosas de cal também são utilizadas para identificar o dióxido de carbono.

O chato (1)

Era uma vez um chato, muito chato. Mas era mesmo um chato. O chato não parava de chatear toda a gente. Saía-se com cada uma que era mesmo só para chatear. Também que chatice, o gajo não era lá muito inteligente. Mas esta não era a opinião do chato.

O chato vivia numa qualquer aldeola onde era muito popular. Popular no sentido de conhecido, claro! Já era um grande chato, mas como até topava umas coisitas, lá ia sendo tolerado. Mas aos alegres aldeões já ia faltando a pachorra para o aturar.

Um belo dia o chato resolveu imigrar. Festa na aldeia| Foguetório, Quim Barreiros, Rute Marlene e David Bisbal. Até a polícia lá foi … festejar, é bom de se ver! Às 7h da manhã foi aprovado, por unanimidade, o feriado local em memória da imigração do chato. Três dias depois esta decisão foi revogada, não fosse o chato decidir comparecer aos festejos anuais.

Voltando ao chato, fez-se à estrada. Ia para a grande cidade tirar um curso. Queria ser doutor. Doutor Chato. Aspirava vir a ser um especialista nos seus primos púbicos. Deve ser aterrador um curso com tanto chato à solta!

Chegado à grande cidade, toca de arranjar abrigo para as orelhas. Era complicado mover-se pelas ruas da cidade. O chato não conseguia compreender a razão de todos os caminhos (ruas) estarem numerados a partir do 1. Pensava (eh! eh! eh! – desabafo do narrador) com os seus botões que seria muito mais fácil todos os caminhos terem números diferentes. Assim se alguém não se lembrasse do nome do caminho onde morava bastava perguntar indicações para, por exemplo, o número 7654098 e facilmente lá chegaria.

Finalmente, arranjou casa. Ficou a morar num pequeno T0, no n.º 25 da Rua do Martírio, 2º andar, traseiras. Era barato, a apenas 30 minutos da faculdade – o chato gostava de andar a pé – e com uma vista espectacular sobre o galinheiro da D. Leopoldina.

Continua, num futuro próximo …

Reconstruir

Reconstruir está na ordem do dia. É fácil reconstruir. Com engenho - o homem é engenhoso - e inteligência. Os muros derrubados reerguer-se-ão. Os jardins voltarão a florir. Os caminhos voltarão a permitir a passagem dos viajantes. Será fácil apagar as marcas, transformando-as em longínquas recordações.

Poderá não ser assim tão fácil. Como se reconstrói uma vida tão levianamente dissolvida na água? Não deveria ser a água fonte de vida? A verdade é que a vida também necessita da morte. Permite-lhe renascer, renovar-se, evoluir, …

Como se reconstroem pessoas? Como esquecem a dor, o sofrimento, a perda, a angústia, o sentimento de impotência? Como se financiará esta reconstrução?

Derrubaram-se barreiras. Esqueceram-se velhos ódios, quezílias, implicâncias e maledicências. Será duradouro? Ou será apenas mais um fogacho? Serão os homens capazes de suplantar o ego?